sexta-feira, 17 de junho de 2011

Retextualização do conto da Chapeuzinho Vermelho

Trabalho apresentado na disciplicina Língua Portuguesa, ministrada pela profa. Cátia Martins.

Produzido pelos alunos: Luiz Penha, Vanda Silva e Reginaldo Bezerra.



Lobo Mau violenta aposentada

A aposentada Maria Vovozilda da Floresta, 90 anos, foi violentada pelo meliante Ludolfo da Silva, 40 anos, conhecido na região por Lobo Mau. O crime ocorreu no último dia 10 de maio, na reserva extrativista Praia Escura, onde residia a aposentada, em plena Floresta Amazônica.

De acordo com moradores da região, a aposentada costumava mandar, diariamente, a neta Malva Chapeuzinho da Floresta, buscar o leite utilizado na produção de bolos caseiros.

Ao sair por volta das sete horas da manhã para a leitaria, Malva Chapeuzinho deixou a porta da casa encostada e a sua avó ainda deitada aguardando a chegada da neta, segundo relatos da adolescente.

Foi nesse momento que o “Lobo Mau” teve acesso ao interior da casa, amordaçou e violentou a avó da adolescente, levando-a, após o ato de violência, para a despensa onde a aposentada costuma guardar os gêneros alimentícios.

Ao chegar da leitaria, Malva Chapeuzinho achou estranho a porta da casa estar totalmente aberta e nenhum sinal da avó nas dependências internas da residência.

Segundo Malva, ao se dirigir ao quarto percebeu que a avó não estava na cama, mas a porta do banheiro do quarto estava fechada. A adolescente chamou pela avó, que respondeu, mas Malva achou estranha a voz e questionou se avó havia amanhecido resfriada.

Desconfiada da situação, já que só moravam as duas na residência, Malva saiu pela casa como que procurando a avó em outros cômodos. Ao chegar à despensa, próxima a cozinha, percebeu que a avó encontrava-se amordaçada e sangrando muito. Imediatamente ela tomou a iniciativa de ligar do aparelho celular para a delegacia de polícia da cidade, relatando o fato.

No aguardo da polícia, Malva tentou ajudar a avó, mas foi encontrada por Ludolfo da Silva, o Lobo Mau, que tentou encurralar as duas no mesmo espaço. A adolescente resistiu ao ato de violência e, nesse momento, chegou a viatura da polícia, que prendeu o acusado e libertou a adolescente e a aposentada. A aposentada foi levada de imediato ao posto de saúde da localidade.

Segundo o delegado de polícia, Cajuru da Silva, o meliante já era acusado de vários crimes, mas, em virtude de a região ser de difícil acesso, além dos parcos recursos humanos e logística policial, só agora havia sido possível detê-lo, graças à iniciativa e agilidade da adolescente Malva Chapeuzinho da Floresta.

Postado por Luiz Penha


Glossário sobre a carta de Pero Vaz de Caminha


Trabalho apresentado na disciplicina Língua Portuguesa, ministrada pela profa. Cátia Martins.

Postado por Luiz Penha
Canto I nº01

Snõr
Senhor
Capitam moor
Capitão-mor
Asy
Assim
Capitaães
Capitães
Screpuam
Escrevam
Noua
Nova
Ora
Agora
Neesta
Nesta
Naue  Gaçom
Navegação
Nom
Não
Leixarey
Deixarei
Comta
Conta
Milhor
Melhor
Poder
Puder
Ajmda
Ainda
Pera
Para
Pero
Todavia
Jnoramçia
Ignorância
Comtade
Vontade
Çerto
Certo
Crea
Creia
Afremosentar
Aformosentar
Afear
Afear
Aja
Haja
Aquy
Aqui
Poer
Por
Ma  Is
Mais
Ca
que
Vy
Vi
Pareçeo
Pareceu
Marinha  Jem
Marinhagem
Não
Darey
Darei
Cõ ta
Conta
Saberey
Saberei
Deuem
Devem
Teer
Ter
Esse
Esse
Tamto
Tanto
Ey
Ei
Diguo
Digo

Fichamento do Debate sobre a Carta a El Rey Dom Manuel, de Pero Vaz de Caminha -http://vimeo.com/17916811

Trabalho apresentado na disciplicina Língua Portuguesa, ministrada pela profa. Cátia Martins.



O caráter literário da Carta apresentados pela Profa. Drª Maria do Carmo Campos (Letras/UFRGS) no programa Direito e Literatura, transmitido no dia 30/05/2010.

- Professora - Documento de grande importância escrito pelo escrivão da armada e dirigida ao Rei Dom Manuel, datado de 1500, que trata da descrição do Brasil;
- Carta, gênero utilizado para esse tipo de situação;
- Pero Vaz é o primeiro que faz esse registro com o olhar de viajante;
- Necessidade de rediscussão por tudo que representou, por tudo que gerou;
- Registro de que não havia hierarquia na terra achada;
- Um dos motivos da constância do documento é a beleza da sua linguagem literária;
- Imagem paradisíaca do Brasil retratada na indumentária, costumes, cordialidade, não violência identificada naquele primeiro momento;
- É um documento gerador. Permite vários ângulos de visão;
- Muitas linhas geradas a partir da 1ª Carta;
- A Carta gerou outras produções, obras com visão edênica do Brasil, como “Visão do Paraíso” de Sérgio Buarque de Holanda;
- A pintura de Vitor Meireles, séc. XIX, uma visão harmônica da primeira missa;
- Pintura de Portinari, 1948, quebra a visão edénica e hierarquiza, geometriza a visão da 1ª Missa;
- O cinema de Humberto Mauro sobre o descobrimento do Brasil;
- O lado simbólico e identitário está evidenciado em toda o texto da Carta e se desdobra ao longo da literatura brasileira e no cinema, e gera o tipo de espírito que compara o aqui com o lá;
- A partir daí são geradas uma série de questões na literatura, como “Canções do Exílio” com comparações constantes do Brasil com outro lugar. Até a emancipação do Brasil, que aos poucos vai se libertando da comparação;
- Intervenção do mediador Leno Streck – Certo prenúncio de como será o Brasil no sentido extrativista; aquele olhar de cobiça, de retirar. A prática de uma política de predação do Estado e descuido com o meio ambiente;
- Professora - O Brasil durante muito tempo foi pintado de fora para dentro. Há um momento em que esses dois olhares vão dialogar de uma maneira mais precisa;
- Existia todo um controle não só sobre o Brasil, mas também sobre o que o Brasil pudesse gerar em produção de idéias e produção econômica;
- Intervenção do mediador Leno Streck – Questionamentos externos sobre o Brasil de hoje e do Brasil do descobrimento com a presença de selvagens e animais nas ruas;
- Intervenção do mediador Leno Streck – Existência de um sentimento cartorial no Brasil, a partir da Carta, qualquer certidão no Brasil iniciava com o seguinte texto: “Saibam todos quantos esse documento virem que no ano da graça do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo...”;
- Professora - Esse estilo se estende por 400 anos; a comprovação do visto, do observado passa sempre a um terceiro, também presente na obra de Machado de Assis, como no Alienista, em que o que é narrado é atribuído a cronistas;
- A Literatura tem uma série de realizações que podem entrar em diálogo com o Direito, como em Memórias do Cárcere de Graciliano Ramos, que tem quase uma criminologia lá dentro, onde são registradas cenas de tortura a presos políticos. Pela linguagem, pela liberdade usufruída pelo escritor, fazendo uso da memória, do desejo, da prospecção, é possível ter essa captação da história na sua profundidade para realizar o diálogo entre a Literatura e o Direito.


O caráter jurídico da Carta apresentado pelo Prof. Dr. Wálber Araújo Carneiro (Direito/Unifacs) no programa Direito e Literatura, transmitido no dia 30/05/2010.

- Professor - Ato fundacional, Certidão de Nascimento, lavrada nos cartórios portugueses, com a fé pública de Pero Vaz de Caminha;
- Documento jurídico que serve como prova do achamento do Brasil;
- Tem reflexo jurídico por força do Tratado de Tordesilhas, assinado por Portugal;
- A Carta conta que tipo de Estado e que tipo de constituição esse Estado vai ter, a partir da narrativa literária;
- É Direito enquanto prova. Certidão de Nascimento do ato fundacional do Estado;
- Permite refletir sobre a relação entre narrativa jurídica e narrativa literária;
- A Carta prova da existência de uma terra abaixo da linha do Equador, de propriedade de Portugal, na visão européia;
- Mesmo distante 500 anos, é possível perceber, a partir da narrativa literária, cronologicamente, um ato fundacional de um Estado onde se nomeia esse Estado e se estabelece um regime de propriedade desse Estado, a relação Estado/Igreja, relação imanente entre poder laico e poder da igreja católica;
- Riquezas da terra na mão do Estado;
- Regime de apartheid entre portugueses-europeus e os brasileiros-nativos;
- Inexistência de garantias fundamentais e o problema do degredado;
- Carta publicada quando a modernidade já tinha sido colocada em prática com a existência da imprensa;
- Intervenção do mediador Leno Streck – cita a noção sólida de Estado a partir de Thomas Hobbes, que surge posteriormente;
- Professor - Influência teológica e da Escolástica presente na Carta e no modelo de Estado;
- Curiosidade dos nativos em perceber as ferramentas que serravam a cruz, em vez de ficarem curiosos pela visão da própria cruz;
- A Carta é uma marca da burocracia portuguesa que impera até hoje no Brasil;
- A Carta marca essa relação da presença forte do Estado e da concepção extrativista;
- Há uma ordem econômica na constituição; essa ordem é pautada na extração das riquezas da terra;
- A Carta tem uma motivação também bem pessoal, para fazer com que o Rei traga de volta o genro de Pero Vaz de Caminha, que havia sido degredado;
- Intervenção do mediador Leno Streck – É normal no Brasil, o apadrinhamento, o nepotismo, a prestação de favores;
- Professor - Apesar de quinhentos anos separados desse Estado dominador, a presença da repressão policial na comemoração dos 500 anos do descobrimento do Brasil;
- Intervenção do mediador Leno Streck – Muito dinheiro público gasto em uma nau que não boiou, para comemorar os 500 anos;
- Professor - Em se tratando do nepotismo, Pero Vaz de Caminha era um homem de confiança do Rei e que estava usando da sua influência para livrar a cara do genro, que havia cometido crimes à mão armada, extorsão;
- No Brasil de hoje ainda há um número volumoso de cargos comissionados. Mais de que nos Estados Unidos;
- Intervenção do mediador Leno Streck – A literatura pode contar coisas que talvez o Direito não consiga contar.

Postado por Luiz Penha

Canto Primeiro (1-17) de Os Lusíadas - Luís Vaz de Camões


Trabalho apresentado na disciplicina Língua Portuguesa, ministrada pela profa. Cátia Martins.

Interpretação do Canto I dos Lusíadas

Os feitos dos navegadores
1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Exaltação aos Reis e conquistadores
2
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Exaltação às conquistas tecnológicas portuguesas e à obediência dos Deuses
3
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
Invocação às Ninfas (Deusas) do Tejo
4
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.

Pedido de auxílio às entidades protetoras
5
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.
Dedicatória ao Rei Dom Sebastião
6
E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antígua liberdade,
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade;
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Para do mundo a Deus dar parte grande;
7
Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)
8
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;
9
Inclinai por um pouco a majestade,
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao eterno templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgado numerosos.
Reconhecimento da nação aos feitos do Rei
10
Vereis amor da pátria, não movido
De prêmio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prêmio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor suprerno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de til gente.
Exaltação aos grandes feitos portugueses
11
Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro,


12
Por estes vos darei um Nuno fero,
Que fez ao Rei o ao Reino tal serviço,
Um Egas, e um D. Fuas, que de Homero
A cítara para eles só cobiço.
Pois pelos doze Pares dar-vos quero
Os doze de Inglaterra, e o seu Magriço;
Dou-vos também aquele ilustre Gama,
Que para si de Eneias toma a fama.
13
Pois se a troco de Carlos, Rei de França,
Ou de César, quereis igual memória,
Vede o primeiro Afonso, cuja lança
Escura faz qualquer estranha glória;
E aquele que a seu Reino a segurança
Deixou com a grande e próspera vitória;
Outro Joane, invicto cavaleiro,
O quarto e quinto Afonsos, e o terceiro.
14
Nem deixarão meus versos esquecidos
Aqueles que nos Reinos lá da Aurora
Fizeram, só por armas tão subidos,
Vossa bandeira sempre vencedora:
Um Pacheco fortíssimo, e os temidos
Almeidas, por quem sempre o Tejo chora;
Albuquerque terríbil, Castro forte,
E outros em quem poder não teve a morte.
Incitação a Dom Sebastião para Novos Feitos Gloriosos
15
E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços,


16
Em vós os olhos tem o Mouro frio,
Em quem vê seu exício afigurado;
Só com vos ver o bárbaro Gentio
Mostra o pescoço ao jugo já inclinado;
Tethys todo o cerúleo senhorio
Tem para vós por dote aparelhado;
Que afeiçoada ao gesto belo e tenro,
Deseja de comprar-vos para genro.
17
Em vós se vêm da olímpica morada
Dos dois avós as almas cá famosas,
Uma na paz angélica dourada,
Outra pelas batalhas sanguinosas;
Em vós esperam ver-se renovada
Sua memória e obras valerosas;
E lá vos tem lugar, no fim da idade,
No templo da suprema Eternidade.

Postado por Luiz Penha