quarta-feira, 15 de junho de 2011

Contos Maravilhosos - Chapeuzinho Vermelho

*Postado por Kênia Pinheiro

"Alguns encaram os contos de fada como uma das variações dos contos populares ou fábula, e não como um gênero exclusivo, mas é fato que todos eles partilham de pontos em comum. São narrativas curtas, transmitidas oralmente de gerações em gerações, onde um herói ou uma heroína tem de passar por diversos obstáculos antes de se sobressair sobre o mal. São histórias nas quais inevitavelmente sempre ocorrem magias e metamorfoses, e apesar do nome, nem sempre as fadas aparecem nessas aventuras. A palavra “fada” vem do latim FATUM – Destino, fatalidade, fado, etc. O termo se reflete nos mais diversos idiomas: FÉE em francês, FAIRY em inglês, FATA em italiano, FEE em alemão e HADA em espanhol. São exemplos de contos de fadas “Branca de Neve e os Sete Anões”, “A Bela e a Fera”, “Rumpelstiltskin”, dentre muitos outros."

Com a introdução retirada do blog "A Floresta Negra" (http://aflorestanegra.blogspot.com/2009/08/em-construcao.html), a professora Cátia Martins apresentou à turma a Sequência Didática nº 3, propondo uma visão mais apurada acerca da psicologia que cerca os "contos de fada" ou "contos maravilhosos".

Após a análise das características intrínsecas que todos os contos dessa espécie contêm, foram desmistificadas muitas crenças que rondam essas espécies de narrativas. A principal, que seriam formas de passar conselhos às crianças, veio a chão após a descoberta de que se tratavam de histórias contadas no contexto europeu do século XII, nascidas da tradição oral de camponeses em narrar histórias assustadoras, costumeiras em suas regiões. Com o tempo, essas histórias foram amenizadas e "formatadas" para um padrão mais lúdico, tendo seu coroamento com os contos retratados na versão Disney.

A proposta, então, foi a recontextualização de algum conto maravilhoso, transformando-o, do gênero textual a que pertence em outro texto, revendo suas condições de produção.

Eu, Kênia Pinheiro, e as colegas de classe Arlinda, Carine, Natália e Priscila, produzimos o texto que se segue:


Retextualização: Chapeuzinho Vermelho – Versão Lobo no Programa do Ratinho

1ª parte: apresentação da entrevista no Programam do Ratinho. Carlos Massa apresenta a entrevista e é exibida a reportagem:

Ratinho: temos uma entrevista exclusiva com o assassino/pedófilo que, na década de 70, chocou o país com um dos crimes mais odiosos cometidos no Brasil. Solta o vt...

Repórter: Depois de anos de silêncio, o assassino da vovó, como ficou conhecido, resolve falar. Condenado a 84 anos de prisão, pelos crimes de homicídio e estupro cometido contra uma menor, o Lobo cumpriu pena de 1972 a 2000, sendo solto após ter cumprido 1/3 da pena, beneficiado por uma brecha do sistema penal brasileiro. Depois de liberto, viveu totalmente recluso, em casa de parentes, no interior de Minas Gerais. Na época, o assassino/estuprador confesso não se deixou entrevistar e, nas raras vezes em que se manifestou, chocou o país com sua frieza e falta de arrependimento.

[Entra VT com imagens do Lobo sendo levado a julgamento, na década de 60. Ele sorri de forma descarada para as pessoas que tentam linchá-lo. É escoltado por policiais. Jornalistas gritando ao redor, tentando conseguir alguma declaração.
Pergunta de um repórter: Lobo, porque você cometeu um crime tão hediondo?
Resposta do Lobo, sorrindo: Elas pediram por isso...]

Repórter: em maio de 1971, Adolfo Ritlério, conhecido como Lobo, depois de um elaborado plano macabro, conseguiu atrair, para uma armadilha mortal, a senhora Amanda Souza, de 73 anos, e sua neta, de apenas 14 anos, Melissa Souza.
Depois das investigações policiais, foi verificado que o psicopata observava a rotina de Melissa, fato que pode ter ocorrido por meses. Acompanhando o itinerário da menina, descobriu o endereço da casa de sua avó, que ela visitava frequentemente. Num dos dias de visita, Lobo abordou a menina, começando assim, uma espécie de amizade.
Alto, forte, de boa aparência, bem vestido e muito articulado, o meliante que, na época, contava com 26 anos, não teve dificuldades em ganhar a simpatia da inocente menina.

[VT da mãe, aos prantos: Um dia, ao sair, eu a vi conversando com ele. Perguntei quem era. Ela disse que era só um amigo. Era uma menina muito inocente, bem criança ainda, apesar da idade. Não sei como pude deixar que aquilo acontecesse... choro convulsivo]

Repórter: No dia 3 de maio de 1973, Lobo resolveu pôr seu plano em ação: sabendo que Melissa iria à casa da avó, abordou-a, em frente à sua casa, falando-lhe que descobrira sobre um atalho para a casa da avó. O tal desvio, na verdade, era mais longo, o que daria tempo para que Lobo consumasse a armação. De carro, ele chegou antes à casa da senhora Amanda. Bateu à porta, identificando-se como um fiscal de esgotos. Assim que a senhora o deixou entrar, ele a rendeu.
Os eventos que se seguiram foram de total brutalidade... Após amarrá-la, Lobo a asfixiou com uma sacola plástica. Colocou o corpo numa banheira e a desmembrou com machado, colocando os pedaços em um freezer, na própria casa.
Após a barbárie, preparou o terreno para receber Melissa.
Ao chegar e tocar a campainha, a menina foi convidada, pelo assassino a entrar. Ao deparar-se com ele, assustou-se. Pensou em fugir, mas percebeu que, se o tentasse, o assassino ficaria violento.

[VT da Chapeuzinho dando entrevista, chorando, na penumbra, visto que, na época, era uma criança: Ele me olhava estranho, fixo. Falava baixo... pegou o meu braço e foi me empurrando para o quarto. Eu tinha medo dos seus dentes...]

Repórter: no quarto, Lobo mandou que a menina se despisse e deitasse na cama com ele.

[VT da Chapeuzinho dando entrevista, chorando, na penumbra, visto que, na época, era uma criança: Eu não queria! Mas ele falava daquele jeito estranho e eu estava com muito medo! Perguntei pela minha avozinha... Ele respondeu: logo você estará com ela. Foi quando olhei e vi rastros de sangue no chão do quarto...]

Repórter: Assustada, a menina obedeceu. Ela ficou refém do monstro por quase seis horas quando um vizinho bateu à porta para chamar a avó. Vendo a oportunidade, Melissa gritou. Lobo bateu na menina, que desmaiou.
Ouvindo o barulho de dentro da casa, o vizinho, Nestor Silva, serralheiro, que havia sido chamado por D. Amanda para consertar uma mesa, decidiu arrombar a porta.

[VT do “lenhador” dando entrevista: escutei gritos infantis, choro e, depois, como se alguém estivesse apanhando. Não pensei duas vezes! Arrombei a porta e já vi o *%#@* tentando escapar! Corri e o enchi de tabefes! Depois que o imobilizei, liguei para a polícia. Foi a pior coisa que vi na vida: o sangue da avó... nem consegui olhar dentro do freezer. E a menininha no chão, toda machucada. Estava na cara que ele a tinha... maltratado... soluços doloridos]

2ª parte: a entrevista

Volta ao Ratinho: e hoje, com exclusividade, nós conseguimos fazer com que ele falasse! Com vocês, o Lobo!

Ratinho: Em primeiro lugar, quero tirar uma dúvida contigo, Lobo.

Lobo: Olá, Ratinho! Pois não ?

Ratinho: Você prefere que eu me refira à você como assassino ou pedófilo ?

Lobo: Que isso, Ratinho! Eu sou apenas um cidadão que cometeu um erro e que já pagou por ele...

Ratinho: Erro ? Você chama de “erro” o crime brutal que cometeu ?

Lobo: Sim. Eu não deveria ter feito, mas aconteceu...

Ratinho: Me responde uma coisa, como foi que você escolheu as vítimas ?

Lobo: Bom, por várias vezes notei a presença da menina ido à cada de sua Vovozinha. Ela passava por mim cheia de charme e inocência, aquilo me chamou atenção e me senti atraído por ela.

Ratinho: Com tantas mulheres no mundo, nas ruas, seja lá aonde for... Você se sentiu atraído justo por uma CRIANÇA ?!

Lobo: Então, Ratinho... Como te falei, ela possuía um charme e uma inocência que mexiam comigo e despertavam um desejo incontrolável. Não sei explicar bem...

Ratinho: E quanto ao assassinato cruel da Vovozinha ? O que te levou a fazer isso ?

Lobo: Eu fui à casa da Vovozinha me passando por fiscal de esgotos, me apresentei com um nome fictício, fui gentil e comecei a puxar conversa com ela. Perguntei sobre sua vida, família... Como quem nada queria. Quando entrei no assunto da neta, ela percebeu que havia algo errado. Ficou nervosa, histérica, começou a me acusar de algo que eu “ainda” não tinha feito!
Acusou-me de assediar sexualmente a Chapeuzinho. Fiquei cego, descontrolado, não medi forças, nem pensei em consequências, apenas a matei.

Ratinho: “Você me embrulha o estômago...” . Por acaso você se arrepende ?

Lobo: Me arrependo de ter ido à casa da Vovozinha. Se eu não tivesse ido, ela não teria provocado minha fúria e nada disso teria acontecido.

Ratinho: Então agora a culpa de você ser mau caráter, assassino e pedófilo é da pobre senhora que você matou ?

Lobo: De certa forma, sim! Se não fosse pelo ataque de histerismo, talvez ela estivesse viva...

Ratinho: O cinismo se aglomera em você... E quanto à Chapeuzinho?

Lobo: Nesse caso eu já não sei, pois gosto de satisfazer meus desejos... Não encaro como crime o que aconteceu entre nós. Foi um ato de amor!

Ratinho: Você a forçou! E ela era apenas uma criança! A sua cara de pau e frieza me dão ânsia de vômito! Você é um assassino, pedófilo e não deveria ter sido solto!

Lobo: (Risos) Não é pra tanto, Ratinho! Repito: já cumpri a minha pena e não devo mais nada à sociedade...

Ratinho: É nestas horas e situações que eu adoraria que, no Brasil, fossem aplicadas as penas de prisão perpétua ou a pena de morte! Para que sujeitos como você pagassem pelos seus atos da forma mais dolorida possível! Mas, infelizmente, aqui não é assim... Eu encerro a matéria desejando que você morra, seu monstro! E tudo o que foi feito com a Vovozinha e a netinha, aconteça com você, em dobro!

Vamos aos nossos comerciais...






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